Sentir-se vazio e sem orientação interna causa desespero e desesperança. Quase sempre estes sentimentos estão associados com uma percepção inadequada do indivíduo, de si mesmo e do mundo que o cerca: oportunidades que não são enxergadas, equívocos na interpretação e condução de problemas, sentimento de incapacidade para se tomar decisões, etc. Uma vez sentindo-se "perdido" (não-sendo), o indivídiduo sente-se ansioso e se paralisa. O mundo apresenta caminhos e soluções que não podem ser enxergados e incorporados, dando a falsa sensação de que: "nada mais é possível" ou, "não tem mais jeito..." Em muitos casos, a ansiedade pode tornar-se depressão, agravando a desesperança e o sofrimento psíquico.
No entanto, a capacidade do indivíduo em perceber adequadamente o mundo que o cerca, está diretamente associado com a capacidade que o sujeito tem em perceber-se internamente (ser), como pessoa e como indivíduo. Essa combinação entre o mundo interno da pessoa, com o mundo externo que a cerca, pode de certa forma ser chamado de personalidade. Mas a combinação entre o "si mesmo" e as relações sociais, é naturalmente uma fonte interminável de tensões psíquicas, que se acumulam e precisam ser descarregadas.
Quando o alívio dessas tensões não ocorre, adoecemos angustiados. Conhecer a "si-mesmo" implica em se reconhecer os próprios limites e possibilidades, a vocação e o sentido da própria vida. O "si-mesmo" quando percebido e reconhecido, pode funcionar como uma bússola interna diante das situações imprevistas e inesperadas que a vida apresenta de tempos em tempos. Winnicott chamava o "si-mesmo" autêntico de "self verdadeiro" que é a instância psíquica central controlada pelos instintos. Sua função está centrada na satisfação dos instintos mais profundos do si-mesmo, que constituem os desejos mais autênticos do sujeito.
Ocorre que esses desejos nem sempre podem se manifestar livremente e de forma adequada, sem antes serem transformados e reelaborados. Para lidar com o mundo externo e suas exigências e, ao mesmo tempo não expor o "self verdadeiro" e seus desejos mais profundos, uma outra parte do "si-mesmo" passa a atuar. Essa instância é chamada de "falso self" (não-ser), que está relacionado basicamente com a sobrevivência social e com o sentimento de aceitação. O "falso self" é constituído na base da submissão às necessidades externas e sociais da pessoa. A pessoa se submete para sentir-se aceita pelas outras pessoas, embora internamente sua essência se manifeste de forma diferente do que é esperado pelo mundo externo. Para manter a saúde e a integridade do indivíduo, o "self verdadeiro" não pode jamais, se submeter às exigências externas. Primeiro ele precisa compreendê-las e reelaborá-las internamente, se adaptando às novas situações Por essa razão, entre outras coisas o "falso self" tem a função de proteger o "sel verdadeiro", não o expondo até que consiga se adaptar, para em seguida, se manifestar. Adaptar-se significa reconhecer, reelaborar e transformar conteúdos internos que, em dado momento são inadequados e indesejados pelo mundo externo (relações sociais). Com aproteção do "falso self", o "self verdadeiro" ganha um tempo para se transformar e adaptar-se, aumentando o repertório da pessoa e sua capacidade em lidar com os conflitos da vida. Por essa razão esses conteúdos não podem se manifestar antes de serem reelaborados. Neste processo, a capacidade do sujeito em suportar o sentimento de inadequação causado pelas imposições externas, é o que é considerado como "amadurecimento emocional".
O problema está quando o "falso self" se sobrepõe de maneira permanente ao "self verdadeiro". Sem a bússola interna e sem contato com sua essência, a pessoa sente-se vazia e desorientada, sentimentos que contribuem muito para a cronificação dos sintomas de ansiedade, depressão e futilidade.
"Ser" ou "não-ser" são estados que se alternam no psiquismo humano, desde o nascimento até a morte. Sua fase mais determinante para a constituição da saúde mental do indivíduo, está no nascimento e nos primeiros anos de vida. Durante o desenvolvimento da personalidade há uma guerra constante enfrentada pela criança entre "ser" e "não-ser". Essa guerra complexa e quase indecifrável produz uma série de tensões internas, que são inerentes ao processo de amadurecimento emocional. Dependendo do momento, da intensidade, da facilitação do ambiente externo e da capacidade do próprio bebê em lidar com essas dificuldades, poderá produzir saúde ou doença, em vários graus e intensidades (como dito no texto anterior). Esses resultados irão produzir consequências profundas na saúde mental do futuro adulto. Entende-se por saúde mental o amadurecimento emocional. Como doença, entende-se a sua interrupção.
Diferentemente do adulto, a criança ainda não tem o "ego" suficientemente desenvolvido, que é a principal ferramenta para o alívio das tensões resultantes desse conflito. É por essa razão de que precisa fundamentalmente do "ego" de sua "mãe suficientemente boa" e, de um "ambiente suficientemente bom", que facilite e a ajude essa tarefa. O "ambiente suficientemente bom" tem como única e fundamental responsabilidade, ser o facilitador desse processo. No entanto, o ambiente bom não é uma garantia de que tudo poderá ocorrer adequadamente. O potencial interno da criança em "poder ser", também depende de uma conquista individual pela criança, que é naturalmente precária, podendo assim, não se realizar: "embora os pais procurem ensinar tudo aos seus filhos, a verdade é exatamente o oposto, pois não podemos nem mesmo ensiná-los a andar, embora sua tendência inata para andar em certa idade precise de nós como figuras de apoio" (1987b, p. 162).
Há uma variável imponderável que é o bebê e seus processos internos e individuais, que podem ser considerados como sendo um mistério. Winnicott citava que a vida humana tem uma precariedade essencial, e um caráter fundamentalmente não-controlável. O mesmo ocorre com o adulto: há pessoas que passam a vida inteira "não-sendo", embora todas as condições lhe tenham sido favoráveis.
No entanto, a capacidade do indivíduo em perceber adequadamente o mundo que o cerca, está diretamente associado com a capacidade que o sujeito tem em perceber-se internamente (ser), como pessoa e como indivíduo. Essa combinação entre o mundo interno da pessoa, com o mundo externo que a cerca, pode de certa forma ser chamado de personalidade. Mas a combinação entre o "si mesmo" e as relações sociais, é naturalmente uma fonte interminável de tensões psíquicas, que se acumulam e precisam ser descarregadas.
Quando o alívio dessas tensões não ocorre, adoecemos angustiados. Conhecer a "si-mesmo" implica em se reconhecer os próprios limites e possibilidades, a vocação e o sentido da própria vida. O "si-mesmo" quando percebido e reconhecido, pode funcionar como uma bússola interna diante das situações imprevistas e inesperadas que a vida apresenta de tempos em tempos. Winnicott chamava o "si-mesmo" autêntico de "self verdadeiro" que é a instância psíquica central controlada pelos instintos. Sua função está centrada na satisfação dos instintos mais profundos do si-mesmo, que constituem os desejos mais autênticos do sujeito.
Ocorre que esses desejos nem sempre podem se manifestar livremente e de forma adequada, sem antes serem transformados e reelaborados. Para lidar com o mundo externo e suas exigências e, ao mesmo tempo não expor o "self verdadeiro" e seus desejos mais profundos, uma outra parte do "si-mesmo" passa a atuar. Essa instância é chamada de "falso self" (não-ser), que está relacionado basicamente com a sobrevivência social e com o sentimento de aceitação. O "falso self" é constituído na base da submissão às necessidades externas e sociais da pessoa. A pessoa se submete para sentir-se aceita pelas outras pessoas, embora internamente sua essência se manifeste de forma diferente do que é esperado pelo mundo externo. Para manter a saúde e a integridade do indivíduo, o "self verdadeiro" não pode jamais, se submeter às exigências externas. Primeiro ele precisa compreendê-las e reelaborá-las internamente, se adaptando às novas situações Por essa razão, entre outras coisas o "falso self" tem a função de proteger o "sel verdadeiro", não o expondo até que consiga se adaptar, para em seguida, se manifestar. Adaptar-se significa reconhecer, reelaborar e transformar conteúdos internos que, em dado momento são inadequados e indesejados pelo mundo externo (relações sociais). Com aproteção do "falso self", o "self verdadeiro" ganha um tempo para se transformar e adaptar-se, aumentando o repertório da pessoa e sua capacidade em lidar com os conflitos da vida. Por essa razão esses conteúdos não podem se manifestar antes de serem reelaborados. Neste processo, a capacidade do sujeito em suportar o sentimento de inadequação causado pelas imposições externas, é o que é considerado como "amadurecimento emocional".
O problema está quando o "falso self" se sobrepõe de maneira permanente ao "self verdadeiro". Sem a bússola interna e sem contato com sua essência, a pessoa sente-se vazia e desorientada, sentimentos que contribuem muito para a cronificação dos sintomas de ansiedade, depressão e futilidade.
"Ser" ou "não-ser" são estados que se alternam no psiquismo humano, desde o nascimento até a morte. Sua fase mais determinante para a constituição da saúde mental do indivíduo, está no nascimento e nos primeiros anos de vida. Durante o desenvolvimento da personalidade há uma guerra constante enfrentada pela criança entre "ser" e "não-ser". Essa guerra complexa e quase indecifrável produz uma série de tensões internas, que são inerentes ao processo de amadurecimento emocional. Dependendo do momento, da intensidade, da facilitação do ambiente externo e da capacidade do próprio bebê em lidar com essas dificuldades, poderá produzir saúde ou doença, em vários graus e intensidades (como dito no texto anterior). Esses resultados irão produzir consequências profundas na saúde mental do futuro adulto. Entende-se por saúde mental o amadurecimento emocional. Como doença, entende-se a sua interrupção.
Diferentemente do adulto, a criança ainda não tem o "ego" suficientemente desenvolvido, que é a principal ferramenta para o alívio das tensões resultantes desse conflito. É por essa razão de que precisa fundamentalmente do "ego" de sua "mãe suficientemente boa" e, de um "ambiente suficientemente bom", que facilite e a ajude essa tarefa. O "ambiente suficientemente bom" tem como única e fundamental responsabilidade, ser o facilitador desse processo. No entanto, o ambiente bom não é uma garantia de que tudo poderá ocorrer adequadamente. O potencial interno da criança em "poder ser", também depende de uma conquista individual pela criança, que é naturalmente precária, podendo assim, não se realizar: "embora os pais procurem ensinar tudo aos seus filhos, a verdade é exatamente o oposto, pois não podemos nem mesmo ensiná-los a andar, embora sua tendência inata para andar em certa idade precise de nós como figuras de apoio" (1987b, p. 162).
Há uma variável imponderável que é o bebê e seus processos internos e individuais, que podem ser considerados como sendo um mistério. Winnicott citava que a vida humana tem uma precariedade essencial, e um caráter fundamentalmente não-controlável. O mesmo ocorre com o adulto: há pessoas que passam a vida inteira "não-sendo", embora todas as condições lhe tenham sido favoráveis.
As relações sociais que estabelecemos no emprego sao um ótimo exemplo de coisa vazia e sem ancora interna.
ResponderExcluirMarcia
Muito interessante. Pensei na saúde e no equilíbrio emocional como sendo a medida certa entre ser verdadeiro e ser adequado... Ser verdadeiro é muito doloroso as vezes, se não se for adequado. Vivemos esse confronto a vida toda.
ResponderExcluirParabéns pelo texto
Maria Eduarda