Sentir que a vida não tem muito sentido; trabalhar e cumprir os papéis sociais apenas como sentimento de obrigação; ter a sensação de vazio dentro do peito, de incompetência e inutilidade; correr o dia inteiro e mesmo assim ter a impressão de que não se produziu nada; não dormir por ficar ruminando problemas que parecem ser insolúveis; um forte sentimento de solidão e desespero. Tenho percebido que esses relatos tem sido cada vez mais frequentes e comuns, tanto nos atendimentos do consultório, como nos círculos de amizade mais próximos. Há o agravante da vida moderna que levamos, ter um incrível poder para reforçar e intensificar essas impressões ruins: estamos conectados "on line" 24 horas por dia, através do celular, do computador do trabalho e de casa, dos terminais bancários e da TV e do rádio que estão funcionando em qualquer hora e lugar. É um verdadeiro mar de estímulos e informações que transitam em uma velocidade impossível de ser acompanhada e apreendida, causando a sensação de que o tempo está mais curto e de que a pessoa é "impotente" em poder participar e atuar nesse dinâmico processo.
Essas e muitas outras queixas parecem ser derivadas de um mesmo tema: Quem sou eu? Qual o sentido da minha vida? Penso que não seja possível responder essas questões, sem o auxílio do pensamento filosófico. E por não ser filósofo e não ter o conhecimento adequado dessas ferramentas, obviamente não é essa a minha intenção. Mas pensando na contribuição que a clínica psicológica pode fornecer, a psicanálise e a psicoterapia possuem teorias e ferramentas que podem facilitar a compreensão desse complexo processo de desenvolvimento e construção da própria identidade e do sentido da vida, que é sempre individual. Trata-se do processo de amadurecimento emocional e de integração do ego que vou procurar descrever de maneira sintética e o mais clara possível. Pela extensão e profundidade desse tema, para mim é um grande desafio tentar escrever sobre esses conceitos num blog. O modo que escolhi foi escrever sobre o tema em três postagens, sendo essa a primeira.
O "conhecimento de si mesmo" se inicia no nascimento e é um complexo e profundo processo de maturação interna (emocional e biológica) e externa (o reconhecimento do outro e do mundo externo). Está relacionado com as fases que o bebê e a criança precisam passar, até chegar a sua vida adulta. O corpo e as impressões e percepções da criança vão se modificando com o tempo, na medida em que cresce e matura. Os problemas e interrupções que podem ocorrer nessas fases, possuem uma enorme responsabilidade nos mais diversos sintomas de desconforto e sofrimento, que o adulto irá sentir e passar. Trata-se das chamadas "doenças mentais". É evidente que esses "distúrbios" existem em inúmeros graus, durações e intensidades, e são percebidos de formas diferentes, de indivíduo para indivíduo. A psicanálise contribuiu muito para a classificação desses "distúrbios" (uso esse termo embora não goste dele, porque são chamados e estão classificados assim pela psiquiatria), dividindo-os em três grupos básicos: a) Neuroses - relacionadas aos sujeitos considerados "normais"; b) Psicoses - relacionadas aos sujeitos considerados "anormais"; e c) Personalidade borderline - dirtúrbios que ocorrem em sujeitos que estão situados entre a neurose e psicose.
O termo "si mesmo" é chamado pela psicanálise e psicologia como "self". O "ego" é um outro termo, bem mais conhecido e muito utilizado no senso comum, mas que tem um significado diferente de "self". Foi introduzido por Freud para se referir a instância psíquica que se distingue do" id" (polo pulsional da personalidade, centro dos instintos) e do "superego" (instância da personalidade que faz o papel de censor e juiz). O conceito de self não é novo e aparece não só nas diversas escolas da psicologia,desde o século XIX), mas também em vários sistemas filosóficos e religiosos, muito mais antigos. Considero em especial a definição de "self" por Carl G.Jung, por me identificar muito com suas idéias: “O Si-mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade". (Encontri um link muito bom na internet, que compartilho aqui: http://cadernoaquariano.blogspot.com/2007/07/conceito-de-self-para-carl-g-jung.html). A "mandala" foi adotada por Jung para representar o "self", por seu significado de "totalidade psíquica", dado pela cultura oriental. Isso significa que quando nascemos, já nascemos com o "self". e todo o seu potencial, à se desenvolver. A ciência usa a expressão "potencial herdado"; a religião utiliza a expressão "alma"; a teologia e o esoterismo utilizam a expressão "eu superior" ou "eu divino". O que importa nessa questão é que parece que todas as diferentes áreas que buscam essas respostas, reconhecem que existe algo que já nasce conosco, seja "potencial herdado", seja "alma", seja "eu divino".
Diferentemente do "self", o "ego" é a instância da consciência que ainda irá se desenvolver, passando a ser o responsável pelo processo de amadurecimento, que intercambiará as relações com o ambiente e com a experiência propriamente dita. Suas funções psíquicas básicas deverão dar conta: do controle motor, da percepção sensorial, da memória, dos sentimentos, dos pensamentos. Essas serão as ferramentas fundamentais para que o bebê possa perceber a "si mesmo" (os potenciais herdados que já são seus) e ao mundo externo com sua complexidade e exigências sócio-culturais. A psicanálise chama esse processo de "integração do ego". Por ser um processo complexo e conflituoso, uma de suas consequências é o surgimento da ansiedade enquanto um mecanismo de defesa. É a partir daqui que continuo na próxima semana.
Essas e muitas outras queixas parecem ser derivadas de um mesmo tema: Quem sou eu? Qual o sentido da minha vida? Penso que não seja possível responder essas questões, sem o auxílio do pensamento filosófico. E por não ser filósofo e não ter o conhecimento adequado dessas ferramentas, obviamente não é essa a minha intenção. Mas pensando na contribuição que a clínica psicológica pode fornecer, a psicanálise e a psicoterapia possuem teorias e ferramentas que podem facilitar a compreensão desse complexo processo de desenvolvimento e construção da própria identidade e do sentido da vida, que é sempre individual. Trata-se do processo de amadurecimento emocional e de integração do ego que vou procurar descrever de maneira sintética e o mais clara possível. Pela extensão e profundidade desse tema, para mim é um grande desafio tentar escrever sobre esses conceitos num blog. O modo que escolhi foi escrever sobre o tema em três postagens, sendo essa a primeira.
O "conhecimento de si mesmo" se inicia no nascimento e é um complexo e profundo processo de maturação interna (emocional e biológica) e externa (o reconhecimento do outro e do mundo externo). Está relacionado com as fases que o bebê e a criança precisam passar, até chegar a sua vida adulta. O corpo e as impressões e percepções da criança vão se modificando com o tempo, na medida em que cresce e matura. Os problemas e interrupções que podem ocorrer nessas fases, possuem uma enorme responsabilidade nos mais diversos sintomas de desconforto e sofrimento, que o adulto irá sentir e passar. Trata-se das chamadas "doenças mentais". É evidente que esses "distúrbios" existem em inúmeros graus, durações e intensidades, e são percebidos de formas diferentes, de indivíduo para indivíduo. A psicanálise contribuiu muito para a classificação desses "distúrbios" (uso esse termo embora não goste dele, porque são chamados e estão classificados assim pela psiquiatria), dividindo-os em três grupos básicos: a) Neuroses - relacionadas aos sujeitos considerados "normais"; b) Psicoses - relacionadas aos sujeitos considerados "anormais"; e c) Personalidade borderline - dirtúrbios que ocorrem em sujeitos que estão situados entre a neurose e psicose.
O termo "si mesmo" é chamado pela psicanálise e psicologia como "self". O "ego" é um outro termo, bem mais conhecido e muito utilizado no senso comum, mas que tem um significado diferente de "self". Foi introduzido por Freud para se referir a instância psíquica que se distingue do" id" (polo pulsional da personalidade, centro dos instintos) e do "superego" (instância da personalidade que faz o papel de censor e juiz). O conceito de self não é novo e aparece não só nas diversas escolas da psicologia,desde o século XIX), mas também em vários sistemas filosóficos e religiosos, muito mais antigos. Considero em especial a definição de "self" por Carl G.Jung, por me identificar muito com suas idéias: “O Si-mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade". (Encontri um link muito bom na internet, que compartilho aqui: http://cadernoaquariano.blogspot.com/2007/07/conceito-de-self-para-carl-g-jung.html). A "mandala" foi adotada por Jung para representar o "self", por seu significado de "totalidade psíquica", dado pela cultura oriental. Isso significa que quando nascemos, já nascemos com o "self". e todo o seu potencial, à se desenvolver. A ciência usa a expressão "potencial herdado"; a religião utiliza a expressão "alma"; a teologia e o esoterismo utilizam a expressão "eu superior" ou "eu divino". O que importa nessa questão é que parece que todas as diferentes áreas que buscam essas respostas, reconhecem que existe algo que já nasce conosco, seja "potencial herdado", seja "alma", seja "eu divino".
Diferentemente do "self", o "ego" é a instância da consciência que ainda irá se desenvolver, passando a ser o responsável pelo processo de amadurecimento, que intercambiará as relações com o ambiente e com a experiência propriamente dita. Suas funções psíquicas básicas deverão dar conta: do controle motor, da percepção sensorial, da memória, dos sentimentos, dos pensamentos. Essas serão as ferramentas fundamentais para que o bebê possa perceber a "si mesmo" (os potenciais herdados que já são seus) e ao mundo externo com sua complexidade e exigências sócio-culturais. A psicanálise chama esse processo de "integração do ego". Por ser um processo complexo e conflituoso, uma de suas consequências é o surgimento da ansiedade enquanto um mecanismo de defesa. É a partir daqui que continuo na próxima semana.
SEMPRE MTO ESCLARECEDORAS SUAS MATÉRIAS!!!!
ResponderExcluirESSA ,BASTANTE COMPLEXA E IMPORTANTE:O AUTO CONHECIMENTO...
DÁ-LHE TERAPIA.NÃO É?????????????????????????
PARABENS E OBRIGADA POR TÊ-LA ENVIADO-ME!
FICA COM DEUS!!!!
BJSONIA
Entendi bem a definição de self e sua analogia com o ego. Isso era bem confuso antes de ler o seu texto. Pergunto se a ansiedade é patologia ou mecanismo de defesa?? Como isso ocorre?
ResponderExcluirAbraço
Fernanda Pires
Aguardo ansiosamente a próxima postagem....
ResponderExcluirbj Luciana Silveira
Por isso o AA e o NA vem salvando vidas
ResponderExcluirSó por hoje funciona