sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Caminho do Rei" - Tarô

Diz a história que a palavra tarô é o resultado da junção de duas palavras egípcias: "tar" (caminho, rota) e "rho" (real, rei). Pode-se dizer que seu significado esteja atrelado ao percurso individual que o indivíduo deve fazer para desenvolver sua consciência e percepção da realidade objetiva que o cerca. Utilizando a simbologia do Livro dos Mortos Egípcio, os arcanos seguem o princípio que todo Homem nasce provido de dons e conhecimentos herdados dos seus antepassados (self) que devem ser desenvolvidos para a realização da grande tarefa de contribuir para a evolução e aperfeiçoamento de sua própria vida e também do Universo. Conforme a doutrina egípcia, "adquirir o poder sobre sua própria Alma, para que Osíris ceda a possibilidade da reencarnação". Um dos maiores equívocos em relação ao tarô é vê-lo como algo que irá adivinhar o futuro, fornecendo respostas e receitas prontas. Acredito que seja mais adequado considerá-lo uma interessante ferramenta de autoconhecimento e de percepção da realidade.
O tarô e suas origens estão envoltos em muitos mistérios e especulações.  Sabe-se que o jogo de baralho tem suas origens na China e na Índia, tendo sido levado para a Europa pelos ciganos. A história documentada possui registros das cartas do baralho a partir de 1379 na Bélgica e, Espanha e Itáli pelos idos de 1545. Mas em se tratando do tarô, há uma crença de que suas origens remontam do "livro de Thot", deus egípcio da sabedoria e do verdadeiro conhecimento. Esse livro possuiria 78 "lâminas" impressas em ouro (78 arcanos do tarô). Thot (10.000 a.C) é uma personagem misteriosa e enigmática, onde muitos acreditavam ser um sacerdote atlante. O médico francês Gerard Encause (1865-1960) foi um conhecido ocultista que desenvolveu a teoria de que os egípcios já sabiam sobre o difícil período de guerras e invasões que poriam em risco o conhecimento adquirido. Dessa forma, Thot encomendou aos seus sacerdotes para que desenvolvessem uma forma de proteger o conhecimento. Foram-lhe dadas e aceitas duas sugestões: a impressão do conhecimento nas paredes das pirâmides (o império faraônico estava estruturado na base de símbolos) e, o desenvolvimento de um "jogo", contendo 78 cartas que expressavam todo o conhecimento Sabiam que as pirâmides poderiam ser destruídas pelo tempo ou por invasões. Mas o "jogo" perduraria porque desenvolveria o "vicio" e a compulsão de jogar.


Como é possível que cartas pegas aleatoriamente possam ter alguma importância na vida de alguém? A psicologia possui duas teorias que contribuem para essa compreensão: A "sincronicidade" de Jung e a "projeção" descrita pela psicanálise. Jung acreditava que além das freqüentes relações de causa e efeito, nas quais o mundo científico se baseia, há também um outro princípio de ligação que não compartilha essa relação. Ele chamou esse princípio de "sincronicidade". Para sua teoria, tudo no universo está interligado por um tipo de vibração, e que duas dimensões (física e não física) estão em algum tipo de sincronia, que faz certos eventos isolados parecerem repetidos, em perspectivas diferentes. Tal idéia desenvolveu-se primeiramente em conversas com Albert Einstein, quando ele estava começando a desenvolver a Teoria da Relatividade. Einstein levou a idéia adiante no campo físico, e Jung, no psíquico. Dessa forma não podemos descrever com certeza absoluta, qualquer relação de "causa e efeito" em algum evento isolado, fornecendo uma resposta lógica e pronta. Mas podemos observar fatos que poderíamos ver apenas como "coincidência" e que na verdade são sinais que podem nos ajudar a tomar decisões e a orientar nossa vida (se os reconhecermos). Diante desse princípio de que "tudo está interligado através de vibrações", cartas pegas aleatoriamente, na verdade são "as cartas que de alguma maneira estamos "precisando ver".
A "projeção" é uma velha aliada da psicoterapia. Quando olhamos o mundo externo, olhamos com os nossos olhos e "projetamos" o conteúdo de nosso subconsciente naquilo que está sendo visto. Em outras palavras, vemos aquilo que queremos ver! Esse tornou-se um vasto campo científico na produção de "testes projetivos", muito úteis na formação de diagnósticos. Um bom exemplo é o teste do borrão de tinta de Rorschach. O teste de Rorschach é uma técnica de avaliação psicológica pictórica, comumente denominada de "teste projetivo", ou mais recentemente de método de auto-expressão. Foi desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach. O teste consiste em dar respostas sobre com o que se parecem as dez pranchas com manchas de tinta simétricas. A partir das respostas, procura-se obter um quadro amplo da dinâmica psicológica do indivíduo. É amplamente utilizado em vários países, sendo muito utilizado por peritos criminais na avaliação de personalidades pisicopáticas. Diante desse princípio, ao "olharmos para o tarô", estaremos sempre vendo aquilo que precisamos e ver.
Finalmente, o tarô é um jogo e um procedimento lúdico (http://manoel-psicogrupos.blogspot.com/2011/07/o-jogo-e-brincadeira-na-educacao-e-na.html) que certamente pode nos auxiliar a trilhar nosso "caminho do rei".