sábado, 28 de maio de 2011

Ser ou não-ser - A natureza humana

Sentir-se vazio e sem orientação interna causa desespero e desesperança. Quase sempre estes sentimentos estão associados com uma percepção inadequada do indivíduo, de si mesmo e do mundo que o cerca: oportunidades que não são enxergadas, equívocos na interpretação e condução de problemas, sentimento de incapacidade para se tomar decisões, etc. Uma vez  sentindo-se "perdido" (não-sendo), o indivídiduo sente-se ansioso e se paralisa. O mundo apresenta caminhos e soluções que não podem ser enxergados e incorporados, dando a falsa sensação de que: "nada mais é possível" ou, "não tem mais jeito..." Em muitos casos, a ansiedade pode tornar-se depressão, agravando a desesperança e o sofrimento psíquico.
No entanto, a capacidade do indivíduo em perceber adequadamente o mundo que o cerca, está diretamente associado com a capacidade que o sujeito tem em perceber-se internamente (ser), como pessoa e como indivíduo. Essa combinação entre o mundo interno da pessoa, com o mundo externo que a cerca, pode de certa forma ser chamado de personalidade. Mas a combinação entre o "si mesmo" e as relações sociais, é naturalmente uma fonte interminável de tensões psíquicas, que se acumulam e precisam ser descarregadas.
Quando o alívio dessas tensões não ocorre, adoecemos angustiados. Conhecer a "si-mesmo" implica em se reconhecer os próprios limites e possibilidades, a vocação e o sentido da própria vida. O "si-mesmo" quando percebido e reconhecido, pode funcionar como uma bússola interna diante das situações imprevistas e inesperadas que a vida apresenta de tempos em tempos. Winnicott chamava o "si-mesmo" autêntico de "self verdadeiro" que é a instância psíquica central controlada pelos instintos. Sua função está centrada na satisfação dos instintos mais profundos do si-mesmo, que constituem os desejos mais autênticos do sujeito.

Ocorre que esses desejos nem sempre podem se manifestar livremente e de forma adequada, sem antes serem transformados e reelaborados. Para lidar com o mundo externo e suas exigências e, ao mesmo tempo não expor o "self verdadeiro" e seus desejos mais profundos, uma outra parte do "si-mesmo" passa a atuar. Essa instância é chamada de "falso self" (não-ser), que está relacionado basicamente com a sobrevivência social e com o sentimento de aceitação. O "falso self" é constituído na base da submissão às necessidades externas e sociais da pessoa. A pessoa se submete para sentir-se aceita pelas outras pessoas, embora internamente sua essência se manifeste de forma diferente do que é esperado pelo mundo externo. Para manter a saúde e a integridade do indivíduo, o "self verdadeiro" não pode jamais, se submeter às exigências externas. Primeiro ele precisa compreendê-las e reelaborá-las internamente, se adaptando às novas situações Por essa razão, entre outras coisas o "falso self" tem a função de proteger o "sel verdadeiro", não o expondo até que consiga se adaptar, para em seguida, se manifestar. Adaptar-se significa reconhecer, reelaborar e transformar conteúdos internos que, em dado momento são inadequados e indesejados pelo mundo externo (relações sociais). Com aproteção do "falso self", o "self verdadeiro" ganha um tempo para se transformar e adaptar-se, aumentando o repertório da pessoa e sua capacidade em lidar com os conflitos da vida. Por essa razão esses conteúdos não podem se manifestar antes de serem reelaborados. Neste processo, a capacidade do sujeito em suportar o sentimento de inadequação causado pelas imposições externas, é o que é considerado como "amadurecimento emocional".
O problema está quando o "falso self" se sobrepõe de maneira permanente ao "self verdadeiro". Sem a bússola interna e sem contato com sua essência, a pessoa sente-se vazia e desorientada, sentimentos que contribuem muito para a cronificação dos sintomas de ansiedade, depressão e futilidade.

"Ser" ou "não-ser" são estados que se alternam no psiquismo humano, desde o nascimento até a morte. Sua fase mais determinante para a constituição da saúde mental do indivíduo, está no nascimento e nos primeiros anos de vida. Durante o desenvolvimento da personalidade há uma guerra constante enfrentada pela criança entre "ser" e "não-ser". Essa guerra complexa e quase indecifrável produz uma série de tensões internas, que são inerentes ao processo de amadurecimento emocional. Dependendo do momento, da intensidade, da facilitação do ambiente externo e da capacidade do próprio bebê em lidar com essas dificuldades, poderá produzir saúde ou doença, em vários graus e intensidades (como dito no texto anterior). Esses resultados irão produzir consequências profundas na saúde mental do futuro adulto. Entende-se por saúde mental o amadurecimento emocional. Como doença, entende-se a sua interrupção.
Diferentemente do adulto, a criança ainda não tem o "ego" suficientemente desenvolvido, que é a principal ferramenta para o alívio das tensões resultantes desse conflito. É por essa razão de que precisa fundamentalmente do "ego" de sua "mãe suficientemente boa" e, de um "ambiente suficientemente bom", que facilite e a ajude essa tarefa. O "ambiente suficientemente bom" tem como única e fundamental responsabilidade, ser o facilitador desse processo. No entanto, o ambiente bom não é uma garantia de que tudo poderá ocorrer adequadamente. O potencial interno da criança em "poder ser", também depende de uma conquista individual pela criança, que é naturalmente precária, podendo assim, não se realizar: "embora os pais procurem ensinar tudo aos seus filhos, a verdade é exatamente o oposto, pois não podemos nem mesmo ensiná-los a andar, embora sua tendência inata para andar em certa idade precise de nós como figuras de apoio" (1987b, p. 162).
Há uma variável imponderável que é o bebê e seus processos internos e individuais, que podem ser considerados como sendo um mistério. Winnicott citava que a vida humana tem uma precariedade essencial, e um caráter fundamentalmente não-controlável. O mesmo ocorre com o adulto: há pessoas que passam a vida inteira "não-sendo", embora todas as condições lhe tenham sido favoráveis.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O ambiente e a preservação da essência da personalidade

Dissemos até aqui que, de acordo com a definição de Jung o homem já nasce com o "self" que é o núcleo central da psique, o "centro fundamental cujo papel é o de ordenador de energias". Seu conteúdo é visto como um "potencial" a se desenvolver através da experiência vivida e pelo autoconhecimento. O "ego" na cocepção de Freud, é a unidade da consciência  que irá se desenvolver mais tarde, sendo a instância psíquica responsável pela memória, controle motor, percepção sensorial, sentimentos e pensamentos. Esses fatores biológicos irão influenciar o desenvolvimento do ego através do processo de maturação, tendo duas vertentes básicas: a) a experiência vivencial do sujeito e b) o ambiente e suas influências determinantes nos processos de amadurecimento biológico e emocional. Uma vez "pronto", o "ego" será a principal ferramenta que o sujeito irá utilizar para lidar com o mundo externo e promover o autoconhecimento.
Pois bem, todas as situações de conflitos enfrentadas pela criança em seus primeiros meses de vida, geradas pelo próprio nascimento e pelo processo de amadurecimento, produzem uma reação no bebê por meio de manifestações psicológicas e físicas, que são denominadas como "ansiedade". Freud acreditava que a ansiedade tinha uma base biológica herdada, ou seja, que o organismo humano é dotado naturalmente dessa "capacidade". Em suas observações e considerações, identificou essa "capacidade", como um valor de sobrevivência para o indivíduo, em seu estado "natural". Se um ser humano, sem a proteção de seus pais, não se atemorizasse por coisa alguma, seria logo aniquilado. Nomeou os conflitos inerentes ao amadurecimento e ao próprio nascimento, como sendo: "situações traumáticas" e "situações de perigo". Situações de perigo são diferentes de situações traumáticas: o perigo é percebido e temido e, de alguma maneira pode ser que seja contornado. O trauma acontece quando o perigo não pôde ser contornado e uma situação indesejável se estabeleceu. Quando uma situação traumática ocorre,  a psique é inundada por uma afluência enorme de estímulos, demasiado grande para que se possa "dominar" e "descarregar" (isso quer dizer: "controle, equilíbrio e alívio" sobre sensações ruins e indesejáveis).  Na teoria da ansiedade de Freud, o responsável pela "dominação" e "descarga" dos estímulos, é o "ego". Como o "ego" da criança em seus primeiros anos de vida é ainda relativamente débil e pouco desenvolvido, a criança irá precisar fundamentalmente do "ego" de sua mãe, para conseguir contornar o perigo e evitar a instalação do trauma.

É neste momento que considero a contribuição de D.W.Winnicott com a sua teoria do desenvolvimento emocional, como um avanço na compreensão do desenvolvimento do "self" e do "ego". Existem importantes e diferentes conceituações de "self" e de "ego", entre Jung, Freud e Winnicott.  Para Winnicott, embora muito frágil, o "ego" existe desde o início, em conjunto com o "id" (centro instintivo) e, o resultado de sua "integração" e amadurecimento, é o que pode ser denominado como "self". Essas diferenças conceituais não cabem serem discutidas aqui e, como pesquisador, considero mais importante buscar o encadeamento e pontos em comum, dessas várias idéias.
Para Winnicott, o ambiente humano é fundamentalmente o grande responsável por sua capacidade em facilitar ou não, o amadurecimento emocional e biológico da criança. Entenda-se como ambiente, todas as provisões "suficientemente boas", que facilitam ao bebê o seu progresso na jornada do desenvolvimento emocional. "Prover para a criança é por isso uma questão de prover o ambiente que facilite a sua saúde mental individual e o desenvolvimento emocional."  - "O ambiente e os Processos de Maturação" - pg 63 - Artmed Editora - Porto Alegre - 1983". Quando Winnicott fala em "provisão" adequada para a criança, inclui o conceito da "mãe suficientemente boa", cuja missão maior está em garantir a "provisão para a saúde": saúde mental e desenvolvimento emocional.
Quando a mãe não é "suficientemente boa", a criança não é capaz de começar a maturação do "ego", comprometendo o seu desenvolvimento que passa a ocorrer de forma distorcida e com problemas, em um momento de vital importância no processo de desenvolvimento. Aqui é muito importante frisar que não é adequado se pensar no bebê, apenas como uma pessoa que sente fome e outras necessidades básicas, que devem ser supridas. Mas sim, como um ser imaturo, que por sua total dependência da mãe e do ambiente, está continuamente a pique de sofrer uma ansiedade inimaginável. É muito importante se ressaltar que quando Winnicott fala sobre falhas no desenvolvimento emocional, não está se referindo e nem contemplando as doenças mentais primárias (aquelas decorrentes de problemas neurofisiológicos: paralisia cerebral, cérebro arterioesclerótico, etc).
De uma forma geral e natural, a ansiedade surge como um mecanismo de defesa, que dependendo da intensidade e do grau de desenvolvimento emocional em que a criança se situa, acarretará em consequências que são classificadas em dois grupos: a) ansiedade de castração - psiconeuroses; e b) ansiedade de aniquilamento, ou ansiedade inimaginável - psicose.

Na ansiedade de castração ou psiconeuroses, a psicanálise considera que a criança tenha atingido um certo estágio de desenvolvimento emocional (genitalidade e complexo de édipo) que lhe permite organizar defesas contra a ansiedade. Essas são as chamadas doenças neuróticas e o grau da doença está relacionado com o seu grau de rigidez. Em outras palavras, esse é o estágio em que a criança já consegue organizar seus desejos amorosos e hostis, em relação aos seus pais. Em termos de desenvolvimento emocional, isso já é muita coisa e está implícito que a personalidade do indivíduo está intacta, ou em termos de desenvolvimento, que a personalidade foi construída e mantida e que a capacidade para se relacionar com o mundo está preservada. Por essa razão as neuroses estão relacionadas às pessoas ditas como "normais".
Quando ocorre ansiedade de aniquilamento e não a ansiedade de castração, ocorre uma inundação de impulsos e sentimentos que não podem ser controlados, organizados e descarregados pelo "ego" da criança, devido a sua imaturidade e incapcidade. Se o ambiente através do "ego auxiliar" da "mãe suficientemente boa", também não proporcionar ao bebê uma forma de organização e auxílio para que a descarga ocorra, a ansiedade inimaginável se estabelece.
A ansiedade inimaginável é descrita por Winnicott nas variedades: 1) Desintegração; 2) Cair para sempre; 3) Não ter conexão alguma com o corpo; e 4) Carecer de orientação. As falhas que podem gerar a ansiedade inimaginável, produzem uma reação demasiado forte na criança, que corta a continuidade existencial. Dependendo do tempo e da intesidade, a ausência de continuidade existencial torna-se um padrão de desfragmentação do ser. A esquizofrenia e a personalidade esquizoide possuem uma forte relação com essas falhas.
Esse complexo e dinâmico processo possue forças que se confrontam e operam dentro do "self", produzindo uma infinidade de tensões que irão produzir o amadurecimento. Em condições normais o "self" nunca deve ser submetido à realidade externa para manter sua integridade. Isso significa que em termos de saúde mental, o conteúdo maior, a essência do sujeito, deve se preservar e não sucumbir ao mundo externo. O "self", que expressa toda a potencialidade do indivíduo, nunca deve ser submisso às questões sociais, preservando e enriquecendo a personalidade, sendo sempre "verdadeiro". Somente o "self" verdadeiro pode se sentir real, preenchido e pleno. Para lidar com os aspectos externos e ser protegido, surge um "falso self", que se constroi na base da submissão. O "falso self" e sua função defensiva do "self verdadeiro" pode estar associado com o conceito de saúde mental, mas sua existência não pode se sobrepor ao verdadeiro "self". Quando o "falso self" é tratado como real, há um crescente sentimento de futilidade, vazio e desespero por parte do indivíduo. É a partir desse ponto que prossigo na próxima semana.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sentimento de vazio, inutilidade e desespero - Quem sou eu?

Sentir que a vida não tem muito sentido; trabalhar e cumprir os papéis sociais apenas como sentimento de obrigação; ter a sensação de vazio dentro do peito, de incompetência e inutilidade; correr o dia inteiro e mesmo assim ter a impressão de que não se produziu nada; não dormir por ficar ruminando problemas que parecem ser insolúveis; um forte sentimento de solidão e desespero. Tenho percebido que esses relatos tem sido cada vez mais frequentes e comuns, tanto nos atendimentos do consultório, como nos círculos de amizade mais próximos. Há o agravante da vida moderna que levamos, ter um incrível poder para reforçar e intensificar essas impressões ruins: estamos conectados "on line" 24 horas por dia, através do celular, do computador do trabalho e de casa, dos terminais bancários e da TV e do rádio que estão funcionando em qualquer hora e lugar. É um verdadeiro mar de estímulos e informações que transitam em uma velocidade impossível de ser acompanhada e apreendida, causando a sensação de que o tempo está mais curto e de que a pessoa é "impotente" em poder participar e atuar nesse dinâmico processo.
Essas e muitas outras queixas parecem ser derivadas de um mesmo tema: Quem sou eu? Qual o sentido da minha vida? Penso que não seja possível responder essas questões, sem o auxílio do pensamento filosófico. E por não ser filósofo e não ter o conhecimento adequado dessas ferramentas, obviamente não é essa a minha intenção. Mas pensando na contribuição que a clínica psicológica pode fornecer, a psicanálise e a psicoterapia possuem teorias e ferramentas que podem facilitar a compreensão desse complexo processo de desenvolvimento e construção da própria identidade e do sentido da vida, que é sempre individual. Trata-se do processo de amadurecimento emocional e de integração do ego que vou procurar descrever de maneira sintética e o mais clara possível. Pela extensão e profundidade desse tema, para mim é um grande desafio tentar escrever sobre esses conceitos num blog. O modo que escolhi foi escrever sobre o tema em três postagens, sendo essa a primeira.

O "conhecimento de si mesmo" se inicia no nascimento e é um complexo e profundo processo de maturação interna (emocional e biológica) e externa (o reconhecimento do outro e do mundo externo). Está relacionado com as fases que o bebê e a criança precisam passar, até chegar a sua vida adulta. O corpo e as impressões e percepções da criança vão se modificando com o tempo, na medida em que cresce e matura. Os problemas e interrupções que podem ocorrer nessas fases, possuem uma enorme responsabilidade nos mais diversos sintomas de desconforto e sofrimento, que o adulto irá sentir e passar. Trata-se das chamadas "doenças mentais". É evidente que esses "distúrbios" existem em inúmeros graus, durações e intensidades, e são percebidos de formas diferentes, de indivíduo para indivíduo. A psicanálise contribuiu muito para a classificação desses "distúrbios" (uso esse termo embora não goste dele, porque são chamados e estão classificados assim pela psiquiatria), dividindo-os em três grupos básicos: a) Neuroses - relacionadas aos sujeitos considerados "normais"; b) Psicoses - relacionadas aos sujeitos considerados "anormais"; e c) Personalidade borderline - dirtúrbios que ocorrem em sujeitos que estão situados entre a neurose e psicose.

O termo "si mesmo" é chamado pela psicanálise e psicologia como "self". O "ego" é um outro termo, bem mais conhecido e muito utilizado no senso comum, mas que tem um significado diferente de "self". Foi introduzido por Freud para se referir a instância psíquica que se distingue do" id" (polo pulsional da personalidade, centro dos instintos) e do "superego" (instância da personalidade que faz o papel de censor e juiz). O conceito de self não é novo e aparece não só nas diversas escolas da psicologia,desde o século XIX), mas também em vários sistemas filosóficos e religiosos, muito mais antigos. Considero em especial a definição de "self" por Carl G.Jung, por me identificar muito com suas idéias: “O Si-mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade". (Encontri um link muito bom na internet, que compartilho aqui: http://cadernoaquariano.blogspot.com/2007/07/conceito-de-self-para-carl-g-jung.html). A "mandala" foi adotada por Jung para representar o "self", por seu significado de "totalidade psíquica", dado pela cultura oriental. Isso significa que quando nascemos, já nascemos com o "self". e todo o seu potencial, à se desenvolver. A ciência usa a expressão "potencial herdado"; a religião utiliza a expressão "alma"; a teologia e o esoterismo utilizam a expressão "eu superior" ou "eu divino". O que importa nessa questão é que parece que todas as diferentes áreas que buscam essas respostas, reconhecem que existe algo que já nasce conosco, seja "potencial herdado", seja "alma", seja "eu divino".
Diferentemente do "self", o "ego" é a instância da consciência que ainda irá se desenvolver, passando a ser o responsável pelo processo de amadurecimento, que intercambiará as relações com o ambiente e com a experiência propriamente dita. Suas funções psíquicas básicas deverão dar conta: do controle motor, da percepção sensorial, da memória, dos sentimentos, dos pensamentos. Essas serão as ferramentas fundamentais para que o bebê possa perceber a "si mesmo" (os potenciais herdados que já são seus) e ao mundo externo com sua complexidade e exigências sócio-culturais. A psicanálise chama esse processo de "integração do ego". Por ser um processo complexo e conflituoso, uma de suas consequências é o surgimento da ansiedade enquanto um mecanismo de defesa. É a partir daqui que continuo na próxima semana.