sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Formação de Grupos e Redes Sociais

Até agora falamos sobre o significado de "relação" e a forma como "enxergamos" a si próprios e, aos outros. Dando sequência as reflexões, questões e dúvidas que podem ajudar a esclarecer conceitualmente o significado e as consequências que as redes sociais produzem, também é necessário se entender o que é e como se forma um grupo. Os grupos e comunidades são a forma como o homem pode manter relações e participar, tanto na vida real como também, através das redes sociais virtuais. E o que seria um grupo? Como se pode definir a construção de um grupo? Podemos dizer que um grupo é definido pelo número de participantes? Ou seria pelo tipo (mulheres, etnias, religiões, etc) de pessoas? Ou ainda, seria a ausência de distância (todos teriam que estar no mesmo lugar, real ou virtualmente) o fator definidor de um grupo? Certamente esses fatores são insuficientes para se definir um grupo e sua construção. Vejamos um exemplo: quando vou ao estádio de futebol assistir um jogo, estou com um grande número de pessoas a minha volta, tendo o mesmo pensamento de assistir a uma partida de futebol. Significa que há mais de duas pessoas no mesmo local e com um objetivo único: torcer para o seu time de coração! Analisando, isso não quer dizer que tenha construído e esteja participando de um grupo. Nessa situação, ninguém sabe o meu nome e também não sei o nome de ninguém. Minhas aflições e meus desejos continuam ocultos, bem como as aflições e desejos dos outros que estão a minha volta. Se isso não é um grupo, o que falta, então? ´Pois aqui está o interessante: o que constitui um grupo é a existência, ou não, de relações. Se não houver relações, o que existe é como se fosse um amontoado de "coisas", uma ao lado da outra, sem ninguém ter "nada a ver" com o outro. A partir do momento em que começam a se estabelecer relações entre pessoas, começa ai um grupo. Elas tem que ter algo em comum, que esteja , tanto numa, como noutra pessoa. Algo que faça uma amarração conjunta e permita a comunicação como meio de se relacionar.
Essas relações podem ser fluídas, baseadas em um único aspecto particular, ou muito intensas de forma a criar uma grande coesão: "quando alguém mexe com um membro de um grupo, todos os outros se sentem atingidos e tomam as dores dessa pessoa". Mas precisa haver relação para se caracterizar o grupo.

Pois bem, agora que sabemos que um grupo se constitui através de relações, podemos inferir algumas coisas: Se quisermos saber se há um grupo, precisamos verificar se há relações ou não. Para identificarmos o tipo de um grupo, precisamos identificar o tipo de relações que ele possui. Para se modificar e transformar um grupo, é fundamental se transformar o tipo de relação que ele apresenta. E para aproveitarmos essas informações na prática, seria interessante fazermos algumas perguntas: Participamos verdadeiramente de algum grupo, nas redes sociais que frequentamos? Temos o poder de sugerir modificações ou transformações nas relações dos grupos e comunidades que frequentamos através das redes sociais? Para respondermos essas questões de uma forma mais ampla e completa , também é preciso entender a dinâmica que os grupos funcionam. Uma vez que o conceito de grupo esteja atrelado ao conceito de relação, Pedrinho A. Guareschi em seu texto acrescenta dois tipos de visão de grupos: "Visaõ estática e visão dinâmica". A visão dinâmica e aberta, que aceita naturalmente a influência de todos os seus membros,  leva em consideração que "relação" vem de "relativo". "Relativo" é o contrário de "absoluto". "Absoluto" quer dizer total, completo, fechado, sem contradições. Se enxergamos um grupo a partir de "relações", automaticamente teremos uma visão de grupo sempre "relativa", isto é, incompleta, em construção, em transformação permanente. Através de uma visão dinâmica e aberta, o máximo que poderemos dizer sobre um grupo é que nesse momento as relações são estas, podendo se modificar e se transformar, transformando consequentemente o grupo.
Já a visão estática de um grupo, considera que o grupo é algo "estático", já pronto, com suas estratificações e posições definidas. Há uma estrutura hierárquica imutável. Os papéis das pessoas já estão determinados, em nome da "estabilidade" do grupo. Neste caso a transformação e a modificação do grupo, saõ encarados como "distúrbios" que comprometem a estabilidade do grupo. E se o papel que já está determinado para que alguèm "possa participar" não lhe permite modificar e nem acrescentar nada, isso significa que essa pessoa faz parte de um "público" (nos casos das redes sociais), ou "multidão" (quando existe a proximidade física), que em tese compõe esse grupo. As multidões podem ser "perigosas" para a estabilidade de um grupo. Através do "contágio", pode ser que surjam comportamentos "indesejados" para a hierarquia do grupo, como está acontecendo no Egito, nesse momento. Já através das redes sociais, é parecido com a situação em que um "público" específico, esteja sintonizado em um canal de televisão, em um momento específico. Nessa situação fica claro que se trata de um movimento unidirecional, que pode ter o poder de manipular massas e "padronizar comportamentos" (como foi dito em comentário anônimo na postagem de 21/01).
Ter o "poder" de acrescentar, transformar e modificar relações, está associado ao "poder" de transformar grupos, dentro de uma visão dinâmica de um grupo. Diferentemente, a visão estática de um grupo não permite esse movimento. E ai surgem mais questões que podem ser refletidas através da discussão das "relações de dominação", tema da minha próxima postagem.
Obrigado


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